Pra começar a nossa threadinha de hoje, primeiro vamos entender a diferença entre planetário e observatório astronômico.
Ambos têm tudo a ver com astronomia e aquele teto ~arredondado. É fácil mesmo acabar confundindo. Mas lembre:
PLANETÁRIO ≠ OBSERVATÓRIO
Os planetários são locais destinados a receber o público e a ensinar fundamentos de astronomia.
Alguns possuem exposições interativas, oferecem palestras e dispõem sessões de cúpula (projeção do céu) que são de tirar o fôlego.
Esse é o objetivo principal: Receber o público.
Temos mais de 80 planetários espalhados pelo Brasil e alguns dos mais famosos são o do Rio de Janeiro (na Gávea) e o de São Paulo (no Parque Ibirapuera).
O de São Paulo, inclusive, passa por um momento bem delicado ☹️
(Leia sobre isso: change.org/p/smdp-prefeit…)
Os planetários são *geralmente* administrados pelas prefeituras das cidades onde estão. Existe também a Associação Brasileira de Planetários (ABP).
É um programa delicioso que dá pra levar a família toda. Tem atração pra todas idades, desde criança pequena até os adultos mais exigentes.
Beleza! Agora que você entendeu o que é um planetário, vamos falar sobre os observatórios.
Como o nome já diz, observatórios são locais onde se OBSERVAM os astros, normalmente com objetivo científico e/ou de formação de astrônomos profissionais.
Observatórios têm duas principais funções:
1) Pesquisa científica = utilizar os telescópios para observar (estrelas, planetas, asteroides, galáxias, etc) a fim de fazer ciência, de render novas descobertas. É o caso do Observatório Pico dos Dias (OPD) em MG. Vou falar mais dele.
2) Histórico e educacional = é o caso de observatórios que seus telescópios estão um pouco velhinhos e que não produzem mais ciência com esses instrumentos, porém eles possuem acervos de grande valor histórico e cultural. É o caso do Observatório do Valongo (OV) que é da UFRJ.
O OV-UFRJ tem o mais antigo e tradicional curso de bacharelado em astronomia: Completou 60 anos de existência!
Quem se forma conquista o título de astrônomo(a) e sai com uma formação bem completa tanto nas matérias de física e matemática, quanto nas específicas da astronomia.
Quando falamos dos observatórios que possuem telescópios com poder de fazer ciência atualmente, podemos entrar na questão:
OBSERVATÓRIO ≠ TELESCÓPIO
Geralmente quando falamos de observatório nos referimos a um *local* que possui um ou vários telescópios.
O Observatório Pico dos Dias (OPD) em MG tem diversos telescópios, dentre eles o maior do Brasil: 1,6m de espelho principal (é esse da foto).
O OPD faz parte do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) que atua em diversas frentes da astronomia brasileira.
O OPD é um lugar paradisíaco, fica no alto de uma montanha (Pico dos Dias) a cerca de 40min de carro da cidade mais próxima.
Cada ida até lá é um ritual muito gostoso, as pessoas que trabalham no OPD são fantásticas e a comida mineira nunca decepciona.
Essas fotos eu mesma fiz.
Tem curiosidade de saber como que fazemos as observações nesses grandes telescópios?
Será que tem alguma semelhança com o que se vê nos filmes?
Qual é o seu palpite?
Os astrônomos ficam sentados numa sala de controle e todo manuseio do telescópio é feito por computadores. Normalmente(!) não colocamos nossos olhinhos na ponta do telescópio, nem colocamos a mão nele.
Essa foto (direita) eu mesma fiz do @diego_lorenzo no HARPS-ESO (Chile)
Alguns observatórios têm suas salas de controle a quilômetros de distância do telescópio e outros também possibilitam você observar a distância, até mesmo estando em casa, como eu fiz nesse dia aqui:
Além do OPD, o Brasil possui outros observatórios com potencial científico:
IMPACTON em Pernambuco, que estuda propriedades físicas de pequenos objetos do Sistema Solar, inclusive asteroides que podem ameaçar a Terra (Leia sobre isso: extranet.on.br/impacton/)
Em breve teremos o radiotelescópio BINGO na Paraíba que vai estudar a energia escura!
Telescópios em forma de antena enxergam outras ‘cores’, invisíveis aos telescópios ópticos, como eu falei na #EspectroThreadBR
O Brasil também tem telescópios fora do país. É o caso do Lhama, um radiotelescópio brasileiro que fica na Argentina e que pode operar em conjunto com o outro radiotelescópio que temos em Itapetinga (SP).
Além desses que mencionei, o Brasil tem (ou tinha) acordos com outros países pra podermos usar telescópios ainda mais potentes.
Teremos em breve o GMT (concepção de como ficará na imagem). Estará disponível aos pesquisadores do estado de São Paulo (leia: agencia.fapesp.br/construcao-do-…)
Até bem pouco tempo atrás, nós também participávamos do ESO, um consórcio muito importante de observatórios astronômicos.
Foi assim que ano passado fui observar no HARPS (como eu disse acima), e tive a incrível chance de usar um instrumento avançadíssimo, caçador de exoplanetas
Nós tínhamos acesso a telescópios muito significativos pra fazer pesquisa astronômica em diversas áreas: estrelas, galáxias, exoplanetas, etc.
Infelizmente, nosso governo não pagou o valor que prometeu e hoje estamos de fora, fomos expulsos.
Mas, e as observações abertas ao público que eu prometi lá no primeiro tweet? E as palestras maravilhosas e gratuitas?
Calma que chegamos a este ponto.
No OPD existe uma chamada pública periódica pras pessoas visitarem (durante o dia até início da noite) o observatório, com guia e explicações maneiríssimas.
O IAG-USP (Butantã, São Paulo) também recebe público.
As visitas ocorrem em quartas-feiras pré-definidas, a partir das 19:00. A duração é de 2 a 3 horas. O projeto conta com o apoio do CASP - Clube de Astronomia de São Paulo.
Oferece atividades culturais, artísticas e educativas, exposições, oficinas para professores, programas de atendimento ao público e sessões espetaculares de cúpula.
Seria uma estrela que nasceu junto com o Sol? Da mesma "mãe" (nebulosa)? Na-na-ni-na-não!
Quando falamos em gêmea solar, não nos referimos a estrelas nascidas com o Sol, nem mesmo estrelas com mesma idade do Sol. Não se trata de aniversário.
Em astronomia, as estrelas nascidas da mesma nuvem de gás e poeira não são chamadas de gêmeas e sim apenas de irmãs. Do termo em inglês "solar siblings". Parece confuso, mas vocês vão entender melhor pra frente.
Tenho visto que algumas pessoas que estão comentando sobre os cortes na ciência brasileira aparentemente não sabem como funcionam as bolsas de pós-graduação.
Se você tiver com boa vontade de entender, vem comigo nessa thread e não xinguem os amiguinhos.