Na escravidão, a busca pela liberdade nascia no segundo em que grilhões fechavam os pulsos dos negros. Muitos lutaram para encontrá-la em vida, mas essa história desoladora é sobre aqueles que só a encontraram através da própria morte no evento conhecido como Desembarque Igbo
É impossível contar quantas vidas africanas foram ceifadas pelo tráfico negreiro. A única estimativa são de quantos chegaram às Américas pelo Atlântico (12 milhões). A mortalidade nos navios era grotesca, historiadores estimam que entre 15 e 25%
dos negros morriam
O tratamento era brutal, pessoas amontoadas abaixo do convés. O calor era implacável e a falta de ar era desesperadora. Nem as velas que deveriam iluminar o local queimavam. Se alguma suspeita de doença surgisse, centenas de africanos poderiam ser lançados ao mar.
Várias revoltas surgiram nesse ambiente infernal, 50 motins ocorreram em navios negreiros entre 1699 e 1865. Em 1803 o povo Igbo promoveu uma das revoltas mais dramáticas dessa história, que se tornou lenda e símbolo da revolução africana contra a escravidão
Os Igbos, conhecidos atualmente como Nigerianos, são um dos maiores grupos étnicos da África, cerâmicas encontradas apontam origens de mais de 2 mil anos A.C. Seu calendário, matemática e sistema de governo eram sofisticados, se aproximando de uma república democrática moderna
Depois de sobreviver aos 8 mil Km de viagem pelo mar, 75 escravos foram comprados por John Couper e Thomas Spalding por 100 dólares cada. Os negros foram acorrentados, então, em uma embarcação menor para o transporte.
Antes de alcançarem seu destino, libertaram-se e tomaram a pequena embarcação. Afogando os seus raptores no rio. Um entre os Igbo parecia ser o sacerdote que guiava espiritualmente suas orações. Eles sabiam que seriam caçados e nunca retornariam para sua a África.
Mas uma coisa que a viagem havia ensinado é que qualquer oportunidade de se libertar daquele suplício deveria ser aproveitada. Pois não existia nada pior do que estar sob o domínio daqueles homens e de toda crueldade que viveram no navio.
Os 75 Africanos, caminharam juntos para as águas pantanosas de Dunbar Creek, cometendo suicídio em massa. Esse episódio é conhecido por alguns como a como a primeira grande marcha da liberdade na história da América.
Alguns foram resgatados, muitos desapareceram no rio. Inúmeras lendas foram cunhadas no imaginário dos negros que ainda almejavam sua libertação. Histórias sobre como eles entraram no rio e voaram de volta à África. O rio recebe incontáveis visitas até hoje.
Vários artistas celebram a memória dos Igbo. em 2016 @Beyonce retratou o desembarque no clipe de Love Drought
Da mesma forma que a frase poderosa de Killmonger no final do filme #BlackPanther “Enterre-me no oceano com meus ancestrais que saltaram de navios, porque eles sabiam que a morte era melhor que escravidão"
Donovan Nelson’s, artista Jamaicano criou várias ilustrações fenomenais como tributo a todos aqueles Igbos que desejaram morrer ao invés de viver como escravos
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Essa é uma história daquelas impossíveis, de um escravo que se tornou um lendário cantador-rei na Paraíba. Mesmo sem saber ler ou escrever ele revolucionou a vida dos poetas do Sertão, com um pandeiro na mão o negro deixou de ser escravo para se valer como Inácio da Catingueira
Não se sabe muito sobre o começo de sua vida, aliás há muita coisa que se mistura com o imaginário popular. Mas de certo ele viveu em um povoado conhecido como Catingueira no século XIX. Nasceu ali em 1845 de Catarina, africana que foi batizada só com 118 anos de idade
A poética do Cordel foi muito influenciada pelos cantadores africanos (griotes), especificamente dos Bantus. A maior parte dos países Africanos, eram sociedades da palavra. E mantinham não apenas suas histórias, mas as habilidades de contá-las bem guardadas pelos anciãos
Uma das guerras mais importantes do país, a Revolução Farroupilha também foi palco de uma das histórias mais controversas, desleais e intragáveis da sociedade brasileira. Negros que lutaram com o exército do RS receberam a morte como recompensa no Massacre de Porongos
Tudo começa na famosa Guerra de Farrapos, que colocou do lado o império contra os proprietários de terras escravagistas. Na época o Brasil era dividido em províncias e o RS era a província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Os farrapos queriam independência
Os insurgentes gaúchos, proprietários rurais reivindicavam um tratamento mais privilegiado como a diminuição dos impostos, porém a província tem um amplo histórico de divisões ideológicas com o Governo Regente - por várias vezes tentaram instaurar um governo próprio
Imagine sua última visão da liberdade, o ar fresco que tomaria na sua terra, no solo dos seus ancestrais e de sua família. Essa visão aterradora de uma tragédia histórica se iniciou no Reino de Whydah ou Ouidah, atual Benin e você conhecerá alguns fatos importantes nessa Thread
Whydah era formada por um dos povos Akan que floresceram utilizando seus inimigos em trabalhos forçados. A prática era comum mas a dimensão era impensavelmente inferior ao que estava para acontecer nos 16 quilômetros de costa que mantinha
Whydah era o principal comércio de escravos na época, pequenas aldeias do interior da África eram aprisionadas para trabalhar. Não demorou para os Europeus enxergarem uma oportunidade. Em 1708 holandeses, britânicos, franceses e portugueses cercavam as muralhas do palácio.
Qualquer candidato comprometido em acabar com o problema das drogas não deve seguir a trilha dos entorpecentes, mas sim do dinheiro.
Toneladas de cédulas circulam pelo país, se vc corta sua circulação, vc destrói toda uma cadeia de tráfico.
Mas aí que mora o problema...
Nos EUA o HSBC fez um acordo de delação premiada para que seus gestores não fossem pessoas. Eles assumiram que facilitavam a lavagem de dinheiro (sendo negligêntes) com entidades mexicanas e até o Hezbollah
É necessária uma estrutura gigantesca para cuidar de tamanha quantidade de cédulas, esse dinheiro interessa pra um perfil específico de investidor, políticos corruptos.
O que vocês sabem da lei dos 3 Strikes, citada hoje pelo Bolsonaro?
Nos EUA se vc comete 3 crimes, ganha prisão perpétua. Parecia uma coisa legal a primeira vista mas trouxe vários problemas que a Justiça americana não consegue resolver agora...
O primeiro problema é que a sociedade estava pensando nos crimes mais violentos quando se empolgaram com essa questão, mas viram que pessoas não violentas estavam recebendo prisão perpétua por crimes bem pequenos como roubar sanduíches.
A questão das drogas também se tornou problemática. Enquanto pobres eram encarcerados pra sempre por pequenas porções de maconha, os ricos ficavam livres com kilos de cocaína (parece uma realidade conhecida nossa)
Muita gente não sabe, mas o Brasil tem histórias de abolicionistas que fariam qualquer negro estremecer e acender uma chama ancestral de orgulho com nossa luta. Uma delas eu vou contar nessa thread, um guerreiro destemido conhecido como uma fera mitológica: Dragão do Mar
Essa lenda nasceu em Canoa Quebrada em Aracati (CE), filho de pescador e de uma tradicional rendeira chamada Matilde. Seu nome era Francisco, mas o garoto logo recebeu o apelido de “Chico da Matilde”. Que mora no interior sabe como esse costume ainda vigora
O pai pescador morreu em uma viagem à Amazônia e a mãe, sem condições, entregou o filho para o dono de uma embarcação. Passou a trabalhar cedo e aprendeu de tudo no ofício. Teve contato com as mazelas do tráfico negreiro e ganhou consciência das barbaridades cometidas